quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Divergência na Educação

Segundo o MEC e a Associação Brasileira de Ensino a Distância, o número de matriculados em cursos superiores não presenciais no Brasil aumentou 151% em três anos
Luciana Barbosa


Apesar de sua notável consolidação, esse sistema de ensino ainda causa divergência no meio acadêmico. Estudiosos do assunto defendem que o ensino a distância é fruto das características da sociedade atual, que requer cidadãos multicompetentes, autônomos e flexíveis, ou seja, capaz de executar não só a tarefa que lhe cabe como também outras que estão ao seu alcance, mas que não necessariamente seria para sua função.

Lealis Guimarães, coordenadora do curso de Letras na modalidade a distancia da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná – acredita que entre outros fatores, o ensino a distancia além de promover a inclusão digital, trouxe ao aluno uma responsabilidade maior quando comparada ao sistema presencial. “Além de haver uma democratização, houve também um avanço muito grande com relação à responsabilidade do aluno. Ele tem um comprometimento muito maior, tem que se virar, correr atrás”. Ela afirma, que na maioria das vezes o aluno EaD – abreviação de Ensino a Distância – ingressa no curso com a idéia de que tudo será tranqüilo, que poderá levar com menos preocupação já que não há o compromisso de se deslocar diariamente para um determinado local, mas que com o passar do tempo, esse aluno percebe o quanto ele precisa se dedicar e se comprometer. Para que esse tipo de modalidade funcione, ainda segundo Lealis, é preciso que se respeitem às regras que são impostas. Postar os trabalhos na data exigida, por exemplo, são ações mínimas que fazem o ensino a distância funcionar com eficácia.

Crítica

No entanto, há também nas Universidades, críticos do sistema, que acreditam na mais antiga forma de aprendizagem do ser humano, aquela que exige o contato do aluno com o professor, que requer o olho no olho.

É o que defende Cláudia Chueiri, professora doutora do departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina. Ela reconhece que toda essa revolução tecnológica ocorrida com a chegada das redes mundiais de conexão, desempenhou um papel fantástico na educação, uma vez que agilizou todo o sistema de ensino, sobretudo, no ensino a distância, mas esse não pode ser o veículo principal. “A internet trouxe avanços significativos na modalidade a distância e é uma das formas inevitáveis para nós trabalharmos, mas ela não é a única por conta do componente de essência do ser humano que é essa realidade de nós olharmos uns para os outros, é ver com as mãos, a educação também se faz em ver com as mãos”.

Ela acredita que precisam ocorrer muitas mudanças para que o ensino a distância seja eficiente. Apesar de todo o avanço tecnológico ocorrido, sobretudo, no início deste século, o acesso à digitalização não engloba todo o contingente estudantil. Além disso, os custos para manter a máquina que permite a comunicação no ensino à distância não são acessíveis e são um impedimento para levar o aprendizado adiante.

Cláudia exemplifica o caso com a sua sala de trabalho. “Há aqui alguns computadores, mas nem todos funcionam e os recursos para mantê-los são dispendiosos. Imagina um aluno que precisa dar conta de estudar, trabalhar, garantir o seu sustento, que é o que nós vemos com muita freqüência por aqui. Como ele poderá caminhar ao lado de todo o aparato tecnológico e dar conta de mantê-los?”.

Por levantar aspectos que nem todos conhecem a discussão é recorrente. Os questionamentos auxiliam na reflexão do que se pode esperar do ensino a distância. No entanto, o que se sabe é que seja por meio da mídia virtual ou da presencial, o que não pode faltar é o acesso à educação e educação de qualidade.

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